5/28/2013

O gato e o escuro (ou a antítese das estórias de (des)encantar)

As estórias da minha infância eram medonhas. ponto.
Lê-las à minha filha ou ler-lhe as gordas do correio da manhã ia dar exactamente ao mesmo.
O CM diz 'idosa atacada por pitbull', a estória diz 'avó comida por lobo'.
O CM conta 'mulher com depressão crónica mata a filha', a estória diz 'mulher com complexo narcísico envenena a enteada com maçã'.
o CM relata: estatísticas demonstram que em todo o mundo os homens continuam a ganhar mais / ter mais oportunidades que as mulheres; as estórias contam: a Bela Adormecida, a Branca de Neve, a Rapunzel e outras burguesas que tais foram salvas por homens astutos, fortes e corajosos... Cá em casa não. Nem entram correios da manhã nem estórias de desencantar.
Mas ainda há esperança para quem continua a gostar de estórias infantis das boas e compreende o papel que têm na formação dos indivíduos.
Ontem encontrámos este livro perto de casa, numa biblioteca infantil. O conto é maravilhoso (bastava ser do Mia Couto!) e as ilustrações também. Para além da estória fica a forma como é contada (e qualquer texto que contenha o verbo 'pirilampiscar' já ganhou o meu coração).





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