6/05/2013

das casas, #5

Para mim, onde há águas furtadas, há artistas de pouca sorte. Há uns cobertores no chão a fazer de cama, prateleiras aos milhares cheias de pincéis, tintas, bisnagas. Há telas inacabadas, espátulas, cavaletes. Há um homem franzino de olhos vagos que passa os dias abraçado à sua arte, a viver o seu sonho tão íntimo e tão real que não precisa da aprovação de ninguém.
Ele não precisa das pessoas. E os dias vão passando. Semanas, meses, anos. Cá em baixo a vida passa, o sol brilha, as mulheres riem. Há vestidos curtos, cabelos ao vento, lábios grossos. Mas ele... ele só dá conta que existe mais gente no mundo ao fim do mês, quando a senhoria lhe bate à porta.




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