12/26/2014

confissões de uma mulher de (quase) trinta

Estou a chegar aos 30. Faltam 2 dias. Durante os meus 20 anos muitas vezes me perguntei como me sentiria hoje, em vésperas de ser trintona.
A verdade é que me sinto eu. Não me sinto cansada, abatida, frouxa ou descaída. Mentalmente falando, nunca estive tão tonificada e sintonizada com aquilo a que chamam "a nossa essência".
Agora, sejamos sinceras. Se dá uns arrepios na espinha, pensar que se abandona os 20 para sempre? Dá.
Se mete medo pensar que o mercado de trabalho é mais complicado aos 30 (sobretudo quando se é mulher e mãe)? Mete.
Se se tem vontade de adiar a trintandade mais uns anos até ter a vidinha toda organizada? Tem-se.

Mas depois olho para trás e penso que já vivi muito, caramba. Já vivi mais do que alguma vez imaginaria viver em 30 anos.
Amei, desamei, desafiei-me, fiz uma mão cheia de amigos para sempre, fortaleci laços com a família que acabaram por me fortalecer a mim, perdi pessoas que julgava impossível viver sem, fiz disparates, muitos, fiz coisas boas, muitas, aprendi lições, bastantes, vivi em três países, plantei flores, perdi o medo do desconhecido, em tempos adoptei uma cadela e 5 gatos, tive uma filha, casei, deixei de comer carne, voltei a comer carne, compus uma canção, desisti de ir ao ginásio dezenas de vezes e roguei-me pragas pelo dinheiro mal gasto nas inscrições; pintei quadros, percebi que gosto é de arte mas estou a acabar um doutoramento em gestão, aceitei que posso fazer coisas diferentes daquelas que pulsam em mim, questionei-me e à vida que criei, aprendi a viver longe das pessoas que me são queridas, aprendi a distinguir entre as pessoas que me regam das que me tapam o sol, quis crescer e ser mais inteira, entendi que tudo o que me acontece reflecte as minhas crenças sobre o mundo e então decidi, por via das dúvidas, acreditar que o mundo é um lugar bonito e seguro. Até agora tem resultado.

Venham mais trinta.

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