4/27/2015

Sobre a desigualdade dos outros tempos

Quando a minha avó me adormecia, cantava uma canção que já outras mulheres lhe cantariam a ela quando era pequena.
A canção dizia assim:

Quem me dera, quem me dera,
quem me dera ser rapaz
Ser menina, que tristeza,
que impressão que isto me faz

Quem me dera, quem me dera,
quem me dera ser rapaaaaaz
Ser menina, que tristeza -ai, ai -
que impressão que isto me faz

Triste sorte foi a minha
Ter as orelhas furadas
E viver com tias velhas
E já todas desdentadas

O papá ralha comigo
A mamã e as maninhas
Comigo andam zangados
até os patos e as galinhas

Quem me dera, quem me dera,
quem me dera ser rapaz
Ser menina, que tristeza,
que impressão que isto me faz

Quem me dera, quem me dera,
quem me dera ser rapaaaaaz
Ser menina, que tristeza -ai, ai -
que impressão que isto me faz

Ir no domingo à missa, ver o luxo à Trindade
Eu gostaria imenso, de ir à minha vontade
De casaco e de cartola, e bengalinha na mão
So a ideia me consola mas que grande figurão.


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